Após a morte de Paulo Gustavo no auge da carreira: Manifestações

Lenise Pinheiro

Na celebração da sua missa de sétimo dia.

Aos pés do Cristo Redentor, momento de teatro e tristeza.

Dias de tantos mortos pela pandemia.

O marido Thales, desolado.

Tantas rezas, amigos, familiares e muitas lágrimas.

Filhos de morte morrida e de morte matada.

As mães sem filhos, torturados e mortos por subtrair carne no Mercado.

As mães das favelas enlutadas. Olham para os céus e clamam por justiça.

Encontram os olhares da Dona Hermínia, que atravessam a tela.

Nossos pesares à Dona Déa Lúcia Vieira Amaral. Mãe de Paulo Gustavo.

Seu filho, segue agora iluminando…Do alto do palco/firmamento.

Fotografias inéditas de “Hiperativo” revelam a dinâmica lente/foco/olhar. O artista retratado em cena aberta, movido pela química estabelecida com a plateia lotada. A naturalidade, tônica da comédia, incorporada pelo seu oficiante maior. Paulo Gustavo que agora deixa a vida, vai continuar na história. Sua determinação no andar, gestos precisos e flechas no olhar, enchem as telas.

Muitas imagens, manifestos e saudades no ar:

– “Sua partida, assim como outras milhares de vidas ceifadas pela Covid-19, poderiam ter sido evitadas, pois morreram de uma doença para a qual já existe vacina”.

A calça puída nos joelhos, o talento e os pés como os de Charles Chaplin.

Homens concerto. Homens show.

Seus figurinos…Mensagens subliminares.

Estandartes, protestos em desfile.

Na camiseta onde se lê Muhammad Ali enxerga-se:

— “Vidas negras importam”. “Não consigo respirar”. “Lute como uma garota”.

Todos os movimentos e todas as forças.

A plateia morre de rir. Cria com ele jogral de gargalhadas.

Sinergia. Alta voltagem. 220 volts. No dizer do artista.

Ensaio realizado no Teatro Procópio Ferreira/SP em 2011