Manifestos em torno do centenário de nascimento da atriz Cacilda Becker
Em recente conversa telefônica com a biógrafa de Cacilda Becker, a amiga Maria Thereza Vargas,
conta que em resposta a um político, Cacilda vaticinou :
– “Não estamos para brincadeiras”.
Muitas vozes engrossam o coro. Em meio ao avanço da pandemia, no Brasil, onde mais de mil cidades enfrentam o desprovimento de oxigênio, a falta de anestésicos e medicamentos serve como cenário de sucessivos descasos que coincidem com as celebrações do centenário do nascimento da atriz.
Data duplipensar.
Força potencializada por Ziembinski:
– “Vamos fazer um trabalho infernal”. Vamos.
Laboratórios cênicos inspirados no atual contexto seguem apresentados via internet.
Artistas se mobilizam, partilham da lógica de Carlos Drummond de Andrade e comentam as peças do Zé Celso para falar da pluralidade da estrela.
São muitas Cacildas. Cem anos a mil.
Cria-se corrente magnética em torno das mulheres.
Sororidade nos arranjos e composições.
Réquiens de inconformismo e coragem:
– “Essa guerra vai longe”.
Interessante observar os artigos publicados, as fotografias inéditas e depoimentos do Fredi Kleemann.
Fotógrafo, ator e parceiro de todas as horas. De seu arquivo, documentos da maior estrela dos palcos brasileiros.
Registros em preto e branco. Deslumbres.
Na escrita de Fernanda Montenegro e tantos outros. Cacilda virou vício.
Cachaça e alambique. Pinga de Pirassununga.
Boa ideia. 51 anos com sua energia cósmica.
Rastros de luz, pelos degraus de uma escada de seda, diáfana e colossal.
E, assim como numa ópera, espetacular.
Cacilda! Imperativa e agora centenária.
Obrigada, Cacilda! Parabéns!