Batismos pelos palcos purificam profissionais da Cultura, ameaçados entre tantos, pela pandemia

Lenise Pinheiro

Utilizados na maioria dos casos de maneira surpreendente, recursos que fazem chover em cena ou esguichar água, promovem alagamentos para além da física.

Água parada, marcas d’água. Mães coragem, mundo afora. Fontes de inspiração. O andar da atriz por caminhos encharcados. Dedilhando teclas da imaginação.

A energia se propaga pela água. Eletrifica. Consagra. Encapsula. Batiza. Vira granizo. Tempestade.

Espelho de água nos cenários, luz, som e fúria.

Peças de Teatro grego. Banheiras, sofás futuristas. Espumas.

Shakespeare. No Oficina. Ofélia na Fonte de Ethernidade. No Bixiga.

Aquários individuais nesse distanciamento social.

Concílios do amor. Águas de nós.

Cenas que sugerem imersões, iniciação e poesia.

Imagens de corpos molhados, contornos realçados. Brilhosos. Provocantes.

Peças que viram filmes. Denúncias.

Retratos do confinamento que, segundo Gabriela Mellão, reafirmam a plenitude de nossas existências:

– “Sempre que a chuva cai, o mundo respira de alívio”.

Estamos precisando.