Lusco Fusco

Lenise Pinheiro

Henri Cartier-Bresson tinha o hábito de receber seus interlocutores ao cair da tarde. Costumava se divertir com a inquietação de uns frente à iminente escuridão. A luz artificial do ambiente, por determinação do fotógrafo, era mantida desligada. De fato, era adepto ao lusco fusco. Recurso utilizado nas peças de teatro e nos filmes.

A diminuição gradativa da luz, até o desaparecimento da imagem, fator que o protegia. Suas fotografias celebrizadas em preto e branco, funcionam como referência clássica para os fotógrafos. E demais apreciadores da obra do artista.

Lusco Fusco é o nome da Cia de Teatro da Djin Sganzerla, da Helena Ignez e do André Guerreiro Lopes partícipes atuantes pelos palcos sem fronteiras. Agora, com a chegada dourada da menina Luna, veem a alegria aumentar. A responsabilidade também. Ana e Hannah, personagens e nomes da Djin. Palíndromos para saudar a mulher Teatro. Agora, mulher cinema. Mulher Oceano. Parabéns.

Nas coxias dos teatros, a iluminação de serviço é baixa durante as apresentações. Cabe aos profissionais envolvidos na produção por trás das cortinas, operarem seus milagres em tempo exíguo. Movimentos orquestrados entre todos da equipe revelam o espetáculo, atores interagem do palco iluminado. E o público é ungido pela química dessa comunhão.

Malaguetas são pequenas varas de madeira ou metal, dispostas em série, sustentam as cordas de movimentação de cenários.

Na Sede Luz do Faroeste, erguem as ações para além de suas possiblidades aparentes. Se estendem pelas varandas, arquibancadas e palcos. Planos vitoriosos de enfrentamento à ação de despejo, concomitante ao período da pandemia. Paulo Faria no manche se amalgama à população do entorno, na Rua do Triunfo. Endereço onde divide carências. Multiplica compromissos. Soma afetos. Mais parabéns.