Marias Interrompidas
Estudos e denúncias, dão conta que as mulheres tem suas falas mais vezes interrompidas do que as dos homens. Cotidianamente na política, temos observado o fenômeno Manterrupting, tema dos tratados de Jessica Bennett.
A americana, nas aparições de seu presidente, tem farto material de pesquisa e assim como as mulheres brasileiras, convive com expedientes de desaforos, abusos e violências.
A prática do trabalho em ambiente doméstico por conta da pandemia, propicia encontros coletivos virtuais. Observa-se na nova rotina a possibilidade de dar um basta a tantos cala bocas e outros que tais.
Os dias somam os fluxos de raciocínio retomados. O soprar das velinhas do bolo comemorativo da insubmissão, está por vir?
Os diálogos truncados, impostos em sua maioria por homens, dão conta de disparos. Ainda que menos frequentes entre mulheres. Reprodução tóxica inadmissível.
Outra liberdade tomada, chama a atenção e é registrada pela jornalista:
– Explicar à exaustão, um mesmo ponto, pode ser considerado outro método de tortura infalível, mesmo que velada. Em público ou em ambiente privado constrange e humilha”.
Falas e diálogos aqui (des) represadas. Roteiros revelando fotografias.
Personagens celebrais, confiantes, vermelhas. Iluminadas. Desrespeitadas.
Marias interrompidas.
PS. Na tentativa de desfocar da lembrança, as recentes imagens de socos contra Franciele Azevedo.
Ela, prensada entre a porta do carro e a impunidade.
Nós, entre o som e a fúria.