Andar com fé
A poesia junta os caquinhos do nosso cotidiano, que agora ultrapassa a marca de um milhão de vidas perdidas na pandemia da Covid-19. O panorama inclui as políticas devastadoras, para dizer o mínimo.
Graças ao isolamento social ainda mantido por quem pode. O surto parece estabilizar em muitas regiões. Nada a ser comemorado. Grupos de risco, “passarinhos de gaiola”, no dizer do doutor.
Estamos assistindo 2020 passar, nova estação, tudo é verão. Praias cheias, biquinis subtraídos, nos bares do Leblon. Intransigências.
Os dias se repetem como na estrofe de José Miguel Wisnik:
– ” A primavera é quando ninguém mais espera. E desespera tudo em flor.
A primavera é quando ninguém acredita…e ressuscita por amor”. Fica a dica.
O trabalho, nas artes, liquefeito em geleia real, pelas redes. Temporadas estilhaçadas em palcos esvaziados mundo afora. Artistas descalços , fincando os pés no chão de estrelas. Pisam assertivos, em tablados on line. Das montagens analógicas, presenciais, as sugestões inspiradas nos taconeados e nas marcações teatrais. Nas pontas das sapatilhas, o corpo de baile da Cultura. Profissionais em coreografias redesenhadas, distanciadas.
Evoluídos.