Gás Hélio, presente!

Lenise Pinheiro

Nas salas de teatro era comum ver gente se aglomerando para assistir um espetáculo. Filas…Gente de toda natureza. Ao documentar teatro, estabeleço contato direto com esse planeta chamado plateia. Essa massa disforme que contracena, se enrijece, compactua e elege.

Testemunha as celebrações palcos mundo afora. A potência na energia desprendida do público é sentida numa sala recém esvaziada. Enquanto as fileiras são liberadas, difunde-se pelo ambiente atmosfera carregada de fluídos…conjuntura impensável para os dias de hoje. Dias e noites de pandemia.

Nessa retomada, previsão de protocolos, estabelecem poltronas mais afastadas uma das outras e nesses outros tempos, plateias dentro de veículos, forradas com samambaias e recentemente balões.

Toque onírico, colorido, carregado de significados e gás hélio. Balões eriçados no ar, aplaudindo a cena contemporânea.

Atores em número reduzido. Em palcos sem toques, nem beijos? Jogos de câmera. Divagações… que horas são? As cortinas entre abertas. Nas lives de teatro.

Direção de arte pessoal e (de preferência) transferível.

Nesse salão de baile chamado quarentena, um maço de balões pode alegrar o ambiente. Servir de figurino. Celebrar comemorações…despedidas. Enfeites populares, balões mágicos. Audiência incorpórea, audível e participativa. Digital.

E, como diz o Caetano:

– “Viva Cacilda Becker”! Merda!