Bocas escancaradas

Lenise Pinheiro
Teve festa na floresta do Alvorada. Aniversário do cabeleireiro da primeira dama. Festejos em bocas de Matilde, comemoração com bolo temático, formato bolsa de grife. Pelos salões, malas sem alça. Nomes em letras minúsculas.

Em meio ao despreparo do executivo, ameaças e violência física. E o propalado histórico de atleta, vocacionado ao arremesso de ódio.

Bem diferente da coligação cósmica na força dos artistas, que em distanciamento social se cotizam em torno das manifestações web adentro. Técnicos e criadores, se agitam em protestos. Ruas tomadas pela legião de profissionais e seus “cases” de trabalho, vazios. Figurinos nos cabides. Transitando urgências e carestias. Atenção voltada aos prazos e aos protocolos. Olhares voltados para a liberação do auxílio de emergência à cultura.

Plateias, coxias e camarins se encontrando no zoom.

Aqui o ator Jorge Cerrutti, rei da tempestade, grita:

Vivemos nessa terra onde desembargar significa entre outras coisas, destratar e humilhar. Legislar implica em trapacear. E assinar significa demorar.