Estantes

Lenise Pinheiro

Nas tramas de teatro, em sua grande maioria, os enredos apresentam situações limite. Fica perceptível na respiração dos atores, o tom de urgência da cena ou a mensagem que a narrativa encerra. O seu entorno também diz muito. Os cenários revelam em suas ambiências, as diferentes leituras dos universos das peças.

Recorrente fazer analogias imediatas, com as lives de hoje, Em casa, os artistas, músicos e repórteres exibem como cenário suas estantes, embutindo nos quadros transmitidos web afora, mensagens subliminares. Protestos encerrados em publicações, obras de arte, bandeiras estilizadas, engajamento, arte e ciência recheiam as estantes mundo afora. Os diferentes arranjos dizem muito de seus arranjadores. Analogias. Sonatas e sinfonias. Em tempo real, tornam possíveis os dias em distanciamento social.

O abrir das cortinas imaginárias, apresenta inúmeras personalidades em revista. Entrevistas, concertos e reportagens, em frente às lombadas dos livros, arranjados naquilo que chamamos biblioteca. Cenários revestidos de livros. Área nobre da casa, para uns.

Sem muita serventia aparente para o Ministro “Posto Ipiranga”. Parece que o comportamento despótico daquele que taxa livros. Fica evidente o descaso, o desmanche do ministério deve ser comparado à uma estante esvaziada. Onde, utensílios decorativos tomam conta e turvam a visão, ao revelar atmosfera amorfa sem volumes enfileirados e sem livros de nenhuma natureza. Arte nenhuma. Nenhuma referência, legislação, nada. Nem um livro sequer. Alguns bibelôs, quiça um pinguim de geladeira.

Na máquina pública, a aprovação da Lei Aldir Blanc, assinada em 29 de junho desse ano. Vibração para que caminhos sejam abertos e que por eles venham os auxílios emergenciais. Segue premente a distribuição do benefício a quem se tem direito.

Os profissionais da cultura, operam no modo Zeca Pagodinho.. Onde subsídios nunca são vistos … só se ouve falar.