(Des) Humanos

Lenise Pinheiro

Trabalha-se duro no Teatro. As equipes, se agigantam ao vencerem as etapas de um trabalho, o passo a passo da montagem de uma peça, por exemplo, demanda organização e método. Mas, se a verba se extingue antes mesmo da data de estreia, a cortina se abre sem resvalar na corrupção. Diferente do universo “Tony Montana ” que vemos na política.

Em tempos de pandemia, vemos a capacidade de trabalho desafiar a matemática, onde o artista divide para somar.

As recentes ações policiais descortinam os horrores daqueles que se escondem, blefam e roubam. Objetos de decoração de gosto duvidoso, enchem o quadro dos horrores onde se lê a inscrição AI 5. O verde amarelo, estigmatizado por uma legião de possessos, passa a simbolizar desumanidade e falta de caráter.

Os noticiários se incumbem de retratar o cotidiano, com lisura e isenção de ânimo, presteza em tempo real. Nos levam ao mundo subterrâneo da família que, no poder, faz do crime o modus operandi no atual mandato presidencial. Urge a reparação frente a tanta desonestidade.

O suor na testa dos artistas, brota da urgência que a carestia impõe a todos. A política desastrosa ora vigente, arrasta para a vala comum, os secretários de cultura, nesse desfile macabro de sucessivas nomeações fajutas. Se ao menos a Lei Aldir Blanc fosse assinada, a caneta do Presidente serviria para dar o que é de direito aos trabalhadores das artes. Vilipendiados até pelos seus pares, no poder.