Veja texto e fotos de ‘Tempos de Teatro’
“O tempo não para no porto, não apita na curva, não espera ninguém”.
Vivo cantarolando esses versos pelas ruas do centro da cidade e pelos teatros por onde passo. Sensação de dormir e acordar sob os acordes:
– “O tempo não é minha amiga, aquilo que você pensou”.
Assombros e areia nos olhos:
– “É o nada, que o tempo levou”.
Depois, um vazio. Os velhos cristais. Ponteiros que não se encontram mais.
Ampulhetas e mãos cheias de fotografia.
De palco em palco, observo mostradores. Relógios de diferentes formatos, cores e orientações.
Inquisidores:
– “Como você usa seu tempo?”.
Trepada no alto da cena. Parada e em ação.
Horários em fuso, detalhes de uma mesma encenação.
Atores, prestes a entrar em cena, se assemelham às engrenagens de um relógio.
Abstratos, alternativos, de época ou de ponto.
Pendurados nas cozinhas, nos camarins.
Como se de qualquer maneira dissessem:
– Tic, tac.
O tempo parece caber na palma da mão:
– “As doces canções de criança, lembranças demais”.