Veja texto e fotos de “Anima Mundi”

Lenise Pinheiro

Erika Puga dá vida a uma boneca no teatro. Ser inanimado que possibilita à atriz, transformar seu próprio corpo em obra de arte. Uma boneca em carne viva.

Da experiência de vê-la em cena, lembranças afloram. Silêncios e reflexões que me acompanham desde a infância, configurações do imaginário.

Vicissitudes e transgressões emanadas das inúmeras expressões faciais, reproduzidas aqui nesse ensaio.

A ludicidade, frequente nos palcos, se faz valer através de olhares vidrados, criaturas esculpidas em diferentes formatos.

Bonecos em seus materiais sintéticos ou extraídos da natureza.

Inseridos em temáticas distintas.

“Imexíveis”, no dizer do poeta.

Replicados em seres humanos.

Detalhes monstruosos:

– “Bonecas sem cadeirinha, no banco da frente”.

Mutilações. Barragens. Rompimentos.

Alguns encenadores explodem bonecos em cena. Eclodindo pelos ares os estilhaços entre relações desgastadas, egoísmo e indiferença.

Vemos pelos palcos bonecas infláveis.

Conotações e apelos encerrados em marionetes.

Seres medonhos.

Pueris.

Hipotéticos.

Mães embalam bonecos.

Anna Fierling canta nana nenem em Mãe Coragem:

– ..”que a bruxa já vem. Se um bebê chora. O outro também. Um é feinho. A minha é lindinha. Vestida de anjo. Minha bonequinha”.

– “Ela dormiu”.

O fascínio está no ar, empoeirado:

– “Nana nenem. Que a bruxa já vem. Um jaz na Polônia. O outro não vem”.

Bete Coelho enche nossos olhos.

E…deixa a boneca Kattrin em nós.

Obrigada.