Lenise Pinheiro

O Grupo Os Satyros, celebra palcos em sucessivas montagens/ocupações na Praça Roosevelt. Criam Escolas de Nível Superior capacitando profissionais nas diversas formas de expressão teatral. Transcrevem diálogos entre minorias silenciadas, no dizer dos artistas que agora entram em cartaz com:

– ” O Incrível Mundo dos Baldios”.

Baldio pode significar inútil. Peja de abandonado para uns.

Atrás da casa que morei por 20 anos, na Aclimação, tinha um terreno baldio. Permaneceu algum tempo. Chamava atenção pela localização privilegiada. Todos ao redor se mobilizaram. Primeiro cortando mato, depois fazendo com que mais vizinhos participassem do movimento. Tínhamos um quase quintal comunitário, que depois virou uma pracinha. O meu pai contribuiu com um gira-gira, primeira peça cimentada ao solo, que (até onde eu sei), resistiu aos tempos e permanece nos dias de hoje, no que foi a “primeira Ágora”. Palco das crianças posseiras, eu incluída.

Esse gesto político, ainda na pré-adolescência. Talvez tenha despertado minha inclinação ao teatro. Atividade social, fundamentada no trabalho de equipe. Quando vou ao Satyros a sensação de liberdade que me toma de assalto, é sempre a mesma. As ideias se misturam. Cristalizam imagens para depois servir de inspiração.

O envolvimento com o trabalho deles vem desde o primeiro contágio. No final dos anos 90. No saguão do Teatro Municipal, ensaio fotográfico, onde Phédra de Córdoba, vedete protetora, nos serviu café entre pequenas doses de requinte e precariedade.

Hoje as coisas estão organizadas. O esforço para transpor barreiras atravessou fronteiras. O grupo que ocupou a Praça Roosevelt ancora barcos de refugiados, para devolver cidadania.

Potencializa talentos ao

encenar realidade em potência máxima.

Um brinde.

Espaço dos Satyros 1 – SP

Quintas e Sextas 21h

Sábados 19h30 e 21h30

Domingos 19h30

 Texto: Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez

Direção: Rodolfo García Vázquez

Assistência de Direção: Emílio Rogê

Atores

Henrique Mello – Anjo

Ivam Cabral – Peregrino

Roberto Francisco – Palhaço

Julia Bobrow – Voluntária

Junior Mazzine – Segurança

Robson Catalunha – Amigo

Oula al-Saghir – Palestina

Alex de Jesus – Adolescente

Fabio Penna – Assistente

Lorena Garrido – Médica

Juliana Alonso – Advogada

Márcia Dailyn – Cantora

Gustavo Ferreira – Evangélico

Sabrina Denobile – Evangélica

Cenografia: Daniela Oliveira e Victor Paula

Design de aparência: Adriana Vaz e Rogerio Romualdo

Iluminação: Flávio Duarte e Rodolfo García Vázquez

Trilha Sonora: Henrique Mello, Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez

Dramaturgia Sonora: Maestro Marcello Amalfi

Vídeo e Programação Visual: Henrique Mello

Operação de Som e Vídeo: Dennys Leite

Operação de Luz: Flávio Duarte

Perucas: Lenin Cattai

Coordenação de Produção: Daniela Machado

Produção Executiva: Silvio Eduardo

Administração: Israel Silva

Realização: Cia. de Teatro Os Satyros