“A Demência dos Touros” texto de João Mostazo no Teatro do Pequeno Ato – SP

Lenise Pinheiro

Em 1998, fotografei o urbanista Peter Marcuse, passeamos de carro por diferentes lugares da cidade, discorremos sobre assuntos como, formação de guetos urbanos, ele lembrou a máxima:

– “Marx não se consideraria um marxista” .

E inconformado ressaltou:

– “São Paulo é a cidade com mais muros construídos por metro quadrado”.

Ao redor do planeta cercas e muros dividem fronteiras, refugiados, medos, guerras e desigualdades. Esse trabalho entrecorta diálogos daqueles que se encontram “murados” e “mudadas”.

Máfias, estruturas sociais de poder, opressões e as famigeradas exclusões em relação a gênero e condição social. Peças de um mosaico absorvido pela atmosfera de “1984” de George Orwell, com música ao vivo. Cores, luzes e figurinos criam ambiência futurista. Acidez goela abaixo:

  1. DESCARTES:

– “O que seria desta cidade se ela fosse aberta, assim, pra qualquer um”?

CARLOS JOSR:

– “Você sabia que tem lugar em que eles comem caracóis”?

  1. DESCARTES:

– “Uma sociedade sem muros é uma sociedade sem liberdades individuais”.

MUCHADO:

– “Sabe o que eu acho sobre isso? Acho que foda-se. Cada um que coma o que quiser! É isso o que eu acho”.

EMILIA:

– “É na fronteira das coisas que as piores coisas se acumulam. Que nem uma massa rejeitada, decantada. Elas criam crosta. Os piores tipos de pessoa sempre estão na fronteira das coisas.

SACÓDIA:

– “Quem você acha que você é pra dizer quem é pior do que quem”?

MUCHADO:

– “Cada um tem liberdade pra comer quem quiser”.

Gostei.

Teatro Pequeno Ato – SP

Quartas e Quintas 21h

Texto: João Mostazo

Direção: Ines Bushatsky

Atores: Felipe Lemos, Felipe Carvalho, Jorge Neto, Pedro Massuela e Rafael de Sousa

Direção Musical: Gabriel Edé e Vinícius Fernandes

Dramaturgismo: Dodi Leal

Iluminação: Felipe Boquimpani

Direção de Arte: Lídia Ganhito