“BR Trans”, a arte de ator Silvero Pereira, de Mombaça no Ceará para o mundo.
O espetáculo começa entre adereços no palco, luzes que acendem e dores que se apagam. Vestido vermelho, brilhos e permissões. # BR Trans Silvero/Gisele enumera estatísticas e horrores nessa encenação coroada.
Lanternas iluminando vidas que se foram. Fórceps entre vida e morte. Restos de histórias deixadas na aspereza do asfalto. Mulheres que não menstruam. Trasvestis meninas se lançam nos mares e do alto dos sapatos, deixando sonhos estendidos em ruas sem nome, projetando arranhões e sombras de unhas vermelhas:
– “Eu não sei se um anjo me chama, eu não sei se a noite me leva. Eu não posso me abrir na terra. O fim quer me buscar”.
Paramentos, demaquilantes e lenços de papel cenografados contra a injustiça cotidiana. O corpo do artista fala dos medos, canta deitado nas marcas que não são só suas. Sugere que sejam nossas:
– “Que ridícula é a minha dor. Aquela travesti sou eu. Cansada, abandonada, cheia de dívidas, cheia de doenças e morrendo de medo. Alguém aqui nunca já sentiu isso na vida”?
Silêncio
-” Que bom porque isso prova que somos todos iguais”.
Encenação sustentada pela beleza dos gestos.
O ator abre baús da onde saem Ofélias, Glória e Darlenes. Lembra a leveza de um bom dia, de um beijo no rosto e de um botão de rosas. Se traveste de franquezas.
Lépido, travesso e “chapliniano” demonstra que o palco é lugar permissivo e que o teatro faz com que as pessoas entendam como é viver em sociedade.
Representa em seu camarim, janelas abertas para a verdade.
Imaginação ao rabiscar sorrisos, conversas, Babis e Genis.
Transbordamento de amor ao próximo.
Reflexões, “Barbosinha” e humanidades.
Pontuação máxima.
Auditório Ibirapuera Oscar Niemeyer
Dias 24 e 25 de junho – Sábado 21h e Domingo 19h
Instituto Cultural Itaú – Teatro
Dia 27 de junho – Terça 20h
BR TRans
Dramaturgia: Silvero Pereira
Direção: Jezebel De Carli
Ator: Silvero Pereira
Músico em Cena: Rodrigo Apolinário
Cenário: Marco Krug e Silvero Pereira
Cenotécnico: Rodrigo Shalako