“Antígona”com a atriz Andrea Beltrão, no Teatro Anchieta – SP
Andrea Beltrão surge em cena, recebe o público, trágica. Assim que o espetáculo começa, é apresentado o esqueleto das desventuras. Do corpo da atriz, muitos surgirão. Nós, que não serão desatados em laços. Angústia, desonra, infortúnio e humilhação. Destemperanças, caprichos e decretos masculinos:
– “Não adianta apelar para ligações de sangue e parentesco. Pois se não consigo governar a minha própria casa, como poderei manter a minha autoridade na área mais ampla do Estado. Só sabe comandar quem desde cedo aprende a obedecer. A pior peste que pode atacar uma cidade é a anarquia. Eu não estou disposto a deixar a indisciplina corroer o meu governo, comandada por uma mulher. Se temos que cair do poder, que isso aconteça diante de outro homem“.
Antígona Morte e Glória.
-” A tua lei, não é a lei dos deuses, é apenas o capricho ocasional de um homem, e eu não acredito, que a tua proclamação tenha tal força, que possa substituir as leis (dos Deuses) não escritas, por que essas não são leis de hoje ou de ontem. São leis de todos os tempos. Ninguém sabe quando apareceram. Eu sei que vou morrer. Eu aceito, como uma vantagem. Quando se vive como eu, a morte prematura, é um grande prêmio”.
Para falar de Deuses, princesas e mortais, a atriz arranca papéis do cenário, subverte a ordem, faz do seu xale a sua nação. Tebas
Vilanias, opressões, párias e despotas.
-“Eu sou só louca na razão de um louco“.
Carolina Herrera e Georgio Armani deixando rastros de sangue por onde passa Antígona.
Tempos remotos e diferentes timbres da atriz.
Amazona da Grécia, no palco do Anchieta.
Parece que foi ontem. E foi.
Teatro Sesc Anchieta – SP
Sextas e Sábados 21h Domingos 18h