Processo de “Conscerto” do Desejo

Lenise Pinheiro

_I2K1589

Textos Maria Cecília Nachtergaele

_I2K1569 _I2K1579 _I2K1592 _I2K1601  _I2K1626

Direção, Criação e Atuação Matheus Nachtergaele

_I2K1606 _I2K1610

Músicos Henrique Rentroya (violino) e Luã Belik (violão)

_I2K1637_I2K1638

Iluminação Orlando Schaider

Figurinos Ave Maria

VY8A3426

Preparação Corporal Natasha Mesquita

Preparação Vocal Célio Rentroya

Design de Som Andrea Zeni

Contrarregra Cedeli Martinusso

_I2K1619

Direção de Produção Miriam Juvino

_I2K1555

Produção Executiva Rafael Faustini

Realização Pássaro da Noite Produções

VY8A3414

Matheus Nachtergaele adverte:

– “É um espetáculo muito simples e inacabado, como nossas vidas e como nosso teatro”. Nossa conversa emocionada se deu poucas horas antes do pano abrir. Conta que ele fez o figurino, bateu na porta do Teatro Poeira e assim foi concebendo essa quase peça, que já passou por duas temporadas no Rio de Janeiro, em Recife e agora, em Curitiba. Rumo a São Paulo.

No teatro da Reitoria, com todos os 600 lugares lotados, em dois dias de apresentação, no Festival de Teatro, adapta para o palco italiano, o que foi concebibo em seu berço, quando ele era ainda um bebê. A mãe se suicidou , no dia de seu batizado. Em 1968.

Aos dezesseis anos, ele recebe manuscritos com poemas dela.

A seguir reproduzo parte dos textos e entro em sintonia com a apresentação que encerra, a cobertura de mais um Festival de Teatro de Curitiba. A realidade brutal dos fatos se misturam ao aqui e agora, trazendo música e poesia.

Matheus estende as mãos e num foco de luz as esfrega como se lavasse as metáforas que encerram o episódio. A morte da genitora sugere que agora ele está só, o ator/poeta mostra em cena aberta que, não é bem assim. Enaltece a mãe, ao revelar para a platéia trechos de seus versos.

Pooetinha, pingo de gente, contraria a natureza para sair das sombras. Se veste de preto tal qual, a princesa adormecida. Sorri a toa, mesmo querendo chorar.

Homem menino se ajoelha, imagina uma flor, uma fotografia, o amanhecer, o regaço, a dor, traduzida em seu olhar. Fita o público, cumprimenta a platéia:

– Boa noite.

O público aparentemente emocionado, rompe o silêncio, aplaude com euforia, assovios e reverências.

Estamos diante de uma flôr que o vento desmanchou, um sorriso que acabou e de um trenzinho que o menino não ganhou.

Estamos diante de braços agitados e olhos que parecem estrelas, azuis. Galhardia é o que não falta ao intérprete abuzado, que relembra clarões entre os peitos maternos. Nossa pátria-mãe é traduzida pelo ator como um território de vastas solidões.

Nos versos, a insônia aparece como palavra antipática, onde o coração bate no pescoço.

Agradece. Com sofrimento, a mãe lhe ensinou a poesia.

Serra os pulsos, tinge o palco de vermelho, para as coreografias de toureiro, agora como uma Carmen doidivana, abre o leque para esquecer a tristeza, a amargura e a dor.

Voa em cena como um papagaio colorido.

Travessuras de um menino trepado no palco. Acocorado ao lado dos músicos, gestos imprecisos, desalinhados e esfumaçados.

Saudades das mães que não temos mais.

Maquiagem esmaecida pelos flagelos cotidianos. O ator segue rodopiando entre silêncios e casais. Num baile improvisado, onde quem puder dança com suas virtudes.

Ueba, grita Matheus.

25º Festival de Teatro de Curitiba

_I2K1557VY8A3375

Teatro da Reitoria

Dia 02/04 às 21h

Dia 03/04 às 19h

2016

A vigésima quinta edição do Festival de Teatro de Curitiba, com nova curadoria, alargou os horizontes desta festa teatral.

A organização do evento contemplou diversidades, experimentos, performances, solos e montagens consagradas. Música em cena foi uma constante.

A Ópera de Arame, referência na arquitetura da cidade, volta iluminada. Com acústica perfeita e novas acomodações.

O Fringe, mostra paralela ao Festival, destaca companhias de outros estados e muitas da capital paranaense.

Curitiba tem salas de espatáculos em número crescente e comemorou 323 anos.

Muitas velas acesas, para iluminar o Olympo.