Processo de “Conscerto” do Desejo
Textos Maria Cecília Nachtergaele
Direção, Criação e Atuação Matheus Nachtergaele
Músicos Henrique Rentroya (violino) e Luã Belik (violão)
Iluminação Orlando Schaider
Figurinos Ave Maria
Preparação Corporal Natasha Mesquita
Preparação Vocal Célio Rentroya
Design de Som Andrea Zeni
Contrarregra Cedeli Martinusso
Direção de Produção Miriam Juvino
Produção Executiva Rafael Faustini
Realização Pássaro da Noite Produções
Matheus Nachtergaele adverte:
– “É um espetáculo muito simples e inacabado, como nossas vidas e como nosso teatro”. Nossa conversa emocionada se deu poucas horas antes do pano abrir. Conta que ele fez o figurino, bateu na porta do Teatro Poeira e assim foi concebendo essa quase peça, que já passou por duas temporadas no Rio de Janeiro, em Recife e agora, em Curitiba. Rumo a São Paulo.
No teatro da Reitoria, com todos os 600 lugares lotados, em dois dias de apresentação, no Festival de Teatro, adapta para o palco italiano, o que foi concebibo em seu berço, quando ele era ainda um bebê. A mãe se suicidou , no dia de seu batizado. Em 1968.
Aos dezesseis anos, ele recebe manuscritos com poemas dela.
A seguir reproduzo parte dos textos e entro em sintonia com a apresentação que encerra, a cobertura de mais um Festival de Teatro de Curitiba. A realidade brutal dos fatos se misturam ao aqui e agora, trazendo música e poesia.
Matheus estende as mãos e num foco de luz as esfrega como se lavasse as metáforas que encerram o episódio. A morte da genitora sugere que agora ele está só, o ator/poeta mostra em cena aberta que, não é bem assim. Enaltece a mãe, ao revelar para a platéia trechos de seus versos.
Pooetinha, pingo de gente, contraria a natureza para sair das sombras. Se veste de preto tal qual, a princesa adormecida. Sorri a toa, mesmo querendo chorar.
Homem menino se ajoelha, imagina uma flor, uma fotografia, o amanhecer, o regaço, a dor, traduzida em seu olhar. Fita o público, cumprimenta a platéia:
– Boa noite.
O público aparentemente emocionado, rompe o silêncio, aplaude com euforia, assovios e reverências.
Estamos diante de uma flôr que o vento desmanchou, um sorriso que acabou e de um trenzinho que o menino não ganhou.
Estamos diante de braços agitados e olhos que parecem estrelas, azuis. Galhardia é o que não falta ao intérprete abuzado, que relembra clarões entre os peitos maternos. Nossa pátria-mãe é traduzida pelo ator como um território de vastas solidões.
Nos versos, a insônia aparece como palavra antipática, onde o coração bate no pescoço.
Agradece. Com sofrimento, a mãe lhe ensinou a poesia.
Serra os pulsos, tinge o palco de vermelho, para as coreografias de toureiro, agora como uma Carmen doidivana, abre o leque para esquecer a tristeza, a amargura e a dor.
Voa em cena como um papagaio colorido.
Travessuras de um menino trepado no palco. Acocorado ao lado dos músicos, gestos imprecisos, desalinhados e esfumaçados.
Saudades das mães que não temos mais.
Maquiagem esmaecida pelos flagelos cotidianos. O ator segue rodopiando entre silêncios e casais. Num baile improvisado, onde quem puder dança com suas virtudes.
Ueba, grita Matheus.
25º Festival de Teatro de Curitiba
Teatro da Reitoria
Dia 02/04 às 21h
Dia 03/04 às 19h
2016
A vigésima quinta edição do Festival de Teatro de Curitiba, com nova curadoria, alargou os horizontes desta festa teatral.
A organização do evento contemplou diversidades, experimentos, performances, solos e montagens consagradas. Música em cena foi uma constante.
A Ópera de Arame, referência na arquitetura da cidade, volta iluminada. Com acústica perfeita e novas acomodações.
O Fringe, mostra paralela ao Festival, destaca companhias de outros estados e muitas da capital paranaense.
Curitiba tem salas de espatáculos em número crescente e comemorou 323 anos.
Muitas velas acesas, para iluminar o Olympo.