Caranguejo Overdrive
Texto Pedro Kosovsski
Idéia Original Maurício Chiari
Direção e Instalação Cênica Marco André Nunes
Direção Musical Felipe Storino
Atores Alex Nader, Carolina Virguez, Eduardo Speroni, Fellipe Marques e Matheus Macena
Músicos Felipe Storino, Maurício Chiari e Samuel Vieira
Iluminação Renato Machado
Produção Aquela Companhia
A nova curadoria do 25º Festival de Teatro de Curitiba, se faz valer do momento político e ilumina com sagacidade suas escolhas. Talvez Caranguejo Overdrive seja a melhor representação desse comprometimento .
Estamos diante de uma “Confraria de caranguejos”.
O texto enfatiza ser o apetite, a maior das violências. A plateia lotada em todas as sessões, compactua das sucessivas metáforas e das metonímias.
Os primeiros acordes, o rock and roll se abre para todas possibilidades. Nos tornamos dançarinos. Pisaremos em calos.
A respiração parace ser uma só, artistas e público reeditados frente à urgência do momento. Um passo a frente e vc não está mais no mesmo lugar. Está em cena.
A necessidade de sermos vistos e ouvidos pulsam no contágio de um download coletivo.
No mangue cenografado, a inércia é interrompida por espasmos e o corpo do jovem ator, réz ao chão, contorcendo a dor do mundo, para se fartar de restos que ele havia sido.
Armadura para se proteger dos “Aedes Egypti”, dos governantes e da empulhação generalizada:
– Bem vindos ao Brasil.
A mão está prestes a alcançar uma bacia com figuras de linguagem, parece querer se lavar dos castigos, das punições severas e hierárquicas.
Uma torrente de idéias microfonadas. para sacudir nosso país, afásico diante do 7X1 cotidiano.
Voluntários da pátria, marchas, salitres, punhos serrados,
pólvora e flagelos.
Rio de Janeiro cidade natal ou mortal?
Não estamos diante das gaiolas, para enxergar caranguejos através das câmeras de segurança. O trabalho desses atores movediços, nos inspiram a correm junto com eles. Perfilados.
Música crescente, ritmo idem.
#SOMOSTODOSCARANGUEJOS
Nasce outro crustáceo em cena aberta
Ofegante e preto. Nem bem nasceu, tem 1000 anos
Joãozinho 30 profetizou e Pedro Kosovski escreveu:
– Cristo Redentor, mesmo proibido, rogai por nós.
Saimos da vida para entrar na morte.
Brasil ame-o ou deixe-o.
Libelo adesivado em nossas tripas.
Rivelino, Figueiredo, Bomba, Rio Centro.
As elegias de Caetano, em Londres.
Inspirando Gil na refazenda. Ambos no exílo.
Sarney, Collor e Casa da Dinda. Cafonas.
A cara pintada. A Zélia foi confiscada .
Impeachment, Itamar e a perereca da vizinha.
Fernando Henrique Cardoso nadando de braçadas.
No oceano das privatizações.
Um dolar, um real. Até quando?
Carolina Virguez protagoniza e libera sequência da espinha dorsal da história política brasileira.
A voz e o poder da presença da atriz. Majestosa
Fluxos percussivos. Inesquecíveis.
Vertigem para lambuzar Felippe Marquez .
Da argila se faz a geléia real do mangue.
Lula-lá, a esquerda tem poder.
Frangos, dentaduras beijam Luis Inácio Lula da Silva.
Rapadura e Fome Zero.
Se lá fora troveja a atriz incorpora.
Mais trovões para evocar:
– Dilma Overdrive
Avião nas torres de Eduardo Campos
Predio da Petrobras:
– Mira que coisa mais linda. Mais cheia de Graça Foster.
Cunha www.Jesus.com.br
1 dolar = 4 reais
Ministérios e minérios explodidos. Derramados sobre nós.
Aquela Companhia representa a força do Teatro Brasileiro.
Um tablado, músicos, artistas e muitas paixões.
Do alto de sua simplicidade Carolina Virguez avalia:
– “Olha para o caranguejo ” faz troça sobre o fato de não terem figurinos.
O ator está nú. Nós também.
A iluminação da cena revela um corpo rabiscado.
Expressão “lobotômica”. Vestes de luz.
Movimentos cadenciados por guitarras, baixos e uivos.
Atores travestidos de Chico Science e Renato Russo,
acalantam o nascimento do novo caranguejo.
Refeito, enérgico, politizado. Agora quer saber:
– O rumo das delações. Onde está o dinheiro público?.
Qual será o próximo projeto desse grupo?
Acredito na reprodução desses caranguejos.
O texto resgata os atuais grampos telefônicos.
Eu sinto fome: Onde o interlocutor responde:
-Eu sinto muito.
Ao sair do teatro ruas chuvosas com reflexos de luz no asfalto.
Piso similar ao do palco.
Pelas ruas caranguejos meninos/cinzas.
Estima de menos, abandono de sobra.
Muitas carcaças gastas, carcumidas e violentas.
Estamos no Mangue
25º Festival de Teatro de Curitiba
Casa Hoffmann
Dia 29 às 21h
Dia 30 às 18h e 21h
2016