Urinal

Lenise Pinheiro

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Texto Greg Kotis e Mark Hollmann

Tradução e Direção Zé Henrique de Paula
Direção Musical Fernanda Maia

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Versões em Português Fernanda Maia e Zé Henrique de Paula

Cenários e Figurinos Zé Henrique de Paula

Iluminação Fran Barros

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Atores Adriana Alencar, Arthur Berges, Bia Bologna, Bruna Guerin, Caio Salay, Fabio Redkowicz, Gerson Steves, Jonathan Faria, Luciana Ramanzini, Marcella Piccin, Nábia Vilella, Pier Marchi, Roney Facchini, Thiago Carreira, Tony Germano e Zé Henrique de Paula

Regente Fernanda Maia

Músicos

Abner Paul e Rafael Lourenço (bateria)

Clara Bastos e Pedro Macedo (contrabaixo)

Flávio Rubens e Marco Rochael (clarineta, clarone, sax)

Rafa Miranda (piano)

Valdemar Santos Nevada e Evandro Bezerra (trombone)

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Preparação de Atores Inês Aranha

Preparação Vocal Fernanda Maia

Coreografia Gabriel Malo e Inês Aranha

Projeto Sonoro Raul Teixeira

Assistente de Direção Musical Rafa Miranda

Assistente de Cenografia Bruno Anselmo

Assistente de figurinos Cy Teixeira

Coordenação de Produção Claudia Miranda

Produção Executiva Louise Bonassi

Assistente de Produção Mariana Mello

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É grande minha surpresa. Ao ler o programa da peça, frente aos dados técnicos de Urinal. Entendo que trata-se de um texto americano, montado em 2001, marco no calendário universal, onde a violência, a escassez e o desamor mostram sua cara, como no Brasil atual.

“Anos Fedidos”também poderia ser o título, desse musical triste, como nos revela o diretor, ao final da apresentação.

A Ópera de Arame, obra revestida de polêmicas e incidentes, agora se apresentada calafetada e bem iluminada, conservada e cheia de gente para abraçar a montagem do Núcleo Experimental que veio de São Paulo, para devolver qualidade ao Festival. Voz corrente na audiência:

-É a primeira vez que uma companhia aqui na Ópera, se fez ouvir com perfeição”.

O palco de proporções continentais redimencionou os cenários e a iluminação e as caracterizações, componentes espetaculares que incrementam e muito, o trabalho de corpo dos atores. Expondo nervos, plasticidade e figurinos. Celebrando duas récitas lotadas.

O universo plúmbeo faz de “Urinal” nosso momento atual. Marcado pela escassez, pela desesperança e escárnio. Os personagens que perssonificam o poder, carregam nas tintas do vilipêndio.

Muito bem construída e traduzida a narrativa, satiriza o gênero musical, faz questão de deixar claro que sonhos povoam os musicais da Disney. Miami, também citação recorrente, talvez seja a metáfora para traduzir corrupção, taxas e “cunhas”.

Os números musicais muito bem realizados entremeam cenas para salientar contrates e desigualdades.Mais uma vez a Disney é citada:

– “Pocahontas do esgoto”, decreta o político abjeto contruído com tijolos de fobias por Roney Facchini, contra a revolucionária que integra o coro dos descontentes.

O espetáculo lembra cena após cena, que é preciso satisfazer necessidades fisiológicas, sociais e afetivas.

Está estabelecido o conflito. Os dois lados da luta expostos.

Gritos de ordem representam o público, agora extasiado frente a força da apresentação. Aplausos pungentes em cena aberta e muitas risadas, permitem que o narrador demosntre a evolução das cenas. Zé Henrique de Paula contabiliza com graça e em voz alta o início e o término das cenas com movimentos pélvicos.

-“Agora vai acabar o primeiro ato”. Decreta.

Sensualidade e propositada malícia. Explicitadas em um figurino prá lá de justo.

A platéia se identifica com a crise hídrica da trama, sujeiras e flagelos alertando contra o desperdício.

Embates para sublinhar as lutas de classes. Estamos diante do clássico “Romeu e Julieta”, revisitado agora nessa verão rebelde e suja. Das trevas.

A lei dos mais fracos leva a melhor. Descortina um futuro possível nesse musical triste. Atual.

Os personagens identificados por Luz, Penélope, Bonitão e Papaizinho fazem a alvorada da apresentação. Que se fosse condensada em um ato só, ganharia em ritmo. Talvez a paralização para o café, a água e o banheiro, não devesse existir. Uma vez que não há troca de cenários e nem de figurinos.

Aliás quesitos muito bem resolvidos e de forte apelo cênico.

A “força na peruca” vem do trabalho na produção de Claudia Miranda e na regência de Fernanda Maia.

Uma orquestra de câmara pontua a encenação, talvez devessem, ao invés de ocupar o fosso do teatro, estarem em cena, no palco.

Fácil falar depois de ver tudo pronto.

O fato é que, os frenéticos aplausos ao final da apresentação, deixam impressos “frames” e imagens em câmera lenta das coreografias, incrustadas em nossas retinas e nos nossos corações. Podem apostar.

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Realização Núcleo Experimental – SP

25º Festival de Teatro de Curitiba

Teatro Ópera de Arame

Dia 26  março às 21h

Dia 27 março às 19h

2016